sexta-feira, 12 de abril de 2013

Em comunidade violenta de Diadema, escola tem excelentes índices nas avaliações oficiais, mesmo sem computador, carência de professores e seringas na quadra esportiva

“Eles têm medo de mim porque sou chata”, diz diretora com Idesp 8,27


Em comunidade violenta de Diadema, escola tem excelentes índices nas avaliações oficiais, mesmo sem computador, carência de professores e seringas na quadra esportiva.

O muro com desenhos infantis já bastante desbotados é o que há de mais colorido na vizinhança da escola estadual Claudio Abramo, em Diadema, onde quase todas as casas variam entre cinza e marrom conforme o material usado nas construções semiacabadas. Na entrada, chama atenção as três grades que é preciso atravessar. O ambiente é tão contrastante com as notas que a escola vem recebendo no Índice da Educação Básica do Estado de São Paulo (Idesp), que até a diretoria regional desconfiou. “Na última prova um supervisor entrou aqui e ficou me vigiando o tempo todo. Quase morri de ansiedade porque eu sou fumante e não queria fumar na frente dele”, conta a diretora Terezinha Imbo Spinoza Parra.

Mesmo assim a unidade fez ainda melhor do que a já inacreditável nota 7,49 de 2011 e chegou a 8,27 em 2012. A escola tem outras provas de como os alunos vão bem em língua portuguesa e matemática. Na avaliação nacional, alcançou 6,6 no Índice de Educação Básica do Brasil (Ideb) de 2011, enquanto a média no País é 5 e, a visitantes como a reportagem do iG, mostra algo mais inquestionável: o portfólio dos alunos.
No final do 2º ano, exercícios para concluir histórias com poucas linhas resultam em redações que não se limitam ao espaço designado pela professora e preenchem também o verso. No 5º ano, último da escola e série que responde à prova que resulta no Idesp, os textos são mais elaborados e é fácil identificar habilidades gramaticais e de pontuação.



Cinthia Rodrigues/iG
Redações no portfólio mostram que não é só nas avaliações oficiais que os alunos demonstram habilidades

“Melhor que as redações do Enem, não?”, comenta a diretora, em uma de muitas opiniões que ajudam a entendê-la. Exemplos: “Esses erros do Enem são uma vergonha”, “Educação quem tem que dar é pai e mãe. Vai chegar um dia que a escola vai ter que dar até o espaço para eles fazerem o filho”, “Tem gente que vem para a escola para ocupar a carteira”, “Acho que o (goleiro) Bruno foi uma vítima” e, em sua página na rede social Facebook, o último post é sobre a maioridade penal “Todo menor assassino, estuprador, traficante também devia ser julgado como adulto. Eu apoio”.
Mesmo assim, ela gosta de repetir que prefere ser respeitada por amor do que por medo e realmente recebe sorrisos dos funcionários e até alunos por onde passa, mas a postura dura é marcante. “Eles têm medo de mim porque sou chata”, confessa. “Quando cheguei dei de cara com ratazana, tinha carteira quebrada entulhada até o teto, tive que ter pulso firme.”                                                                                                                                








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